
Aquela era pra ser uma manha de inverno como qualquer outra, era junho e estava muito frio, saí pra trabalhar, casacos e cachecóis pra todos os lados, então entrei na cafeteria, que costumava freqüentar, e vi. Vi sentado num canto do balcão o cara. Não sei como explicar e na verdade acho que isso nem se explica, se sente. Ele era diferente, não era aquilo que eu chamaria de perfeito, mas fazia o meu estilo, cabelo comprido, um jeito sério, com uma camisa azul bebê, calça jeans, e all star. Tinha um jeito de quem estava indo trabalhar, um olhar sincero e profundo. Fiquei o tempo todo o observando enquanto tomava meu café, mas com discrição, não queria que ele visse que eu estava olhando pra ele (na verdade eu queria, mas), então terminei de tomar meu café e vi que estava na minha hora. Droga, eu não queria ir, mas o trabalho me chamava, cheguei ao jornal, meu chefe me avisou que eu iria começar a trabalhar numa nova campanha da revista, onde teria de escrever sobre o comportamento dos jovens atuais, e contaria com algum novato pra me auxiliar no que fosse necessário, então quando me vi estava cheia de trabalho, mas nem conseguia me concentrar, só ficava pensando naquele cara que havia visto mais cedo, e ficava imaginando se ele iria estar na cafeteria no dia seguinte, quando de repente chega à minha sala meu chefe, com alguns papéis na mão e dizendo que havia chegado o meu novo colega de trabalho, dizendo que ele estava no 4º período da faculdade e seria meu auxiliar. Nesse momento entrou pela sala um cara, de cabelo comprido, camisa azul bebe calça jeans e all star. Quase tive um troço ali mesmo, comecei a tremer e a suar frio, era o mesmo cara que eu havia visto mais cedo. Então ele veio em minha direção, apertou a minha mão e disse, “sou Matt, espero que sejamos bons amigos!” Então eu mal consegui responder de tanto taquicardia que me deu, disse apenas, “meu nome é Missy, e no que depender de mim seremos ótimos amigos!”. Não sei como consegui dizer AMIGOS, quando o que eu queria dizer era COMPANHEIROS, NAMORADOS, ou alguma coisa do gênero. Aiinn.. Depois disso comecei a explicar pro Matt como seria o nosso primeiro artigo juntos, e expor as minhas idéias. E ele a falar sobre o que pensava.
Almoçamos juntos naquele dia, e incrivelmente sem mentiras ou ilusão, tínhamos ideais muito parecidos, ele curtia rock, gostava de cinema, morava com os pais, estava na faculdade de jornalismo, adorava capuccino, nossa. Só imaginei e fiquei me perguntando por que demorei tanto tempo pra encontrar aquele homem, por que não foi aos meus 16 anos de idade, por que não foi nos primeiros tempos de faculdade, estudávamos na mesma, como nunca teria o visto por lá? Freqüentávamos os mesmos lugares, fomos aos mesmos shows, e tudo mais. Mas sinceramente isso não me importa, não mais...
No mesmo dia depois do trabalho fomos tomar um drinque, então ele me beijou, disse que havia me visto na cafeteria pela manha e esteve me observando há alguns dias. Falou que alguma coisa em mim o havia cativado, então quando enviou seu currículo pra aquele jornal, nunca poderia ter imaginado que eu trabalhava lá, mas havia sido uma feliz coincidência, termos nos encontrado daquele jeito. Eu concordei, e o beijei, de novo e de novo. Quando ele me levou pra casa a noite, parecia que eu nem estava pisando no chão, de tanta emoção, minha mãe me viu com aquela cara de boba, mas nem, quis saber o que eu tinha, pois fui direto pro meu quarto, agarrei meu travesseiro e fiquei lá, não sei por quanto tempo, mas naquela noite eu nem consegui dormir, imaginando como seria mais completo o meu dia seguinte, com Matt trabalhando ao meu lado.
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